Caso 01: Morta
pela boca
Por Evaí
Oliveira
evayoliveira@hotmail.com
Departamento
de Resolução de Crimes – 8h45min
Tomas Carvalho, supervisor do Departamento de
Resolução de Crimes da Polícia de Novo Horizonte – DRC, estava saindo do
escritório quando o computador disparou um alarme avisando do recebimento de
uma mensagem.
Tomas trabalha para o DRC há mais de dez anos.
Aparenta ter mais de quarenta anos, com seus cabelos grisalhos e pele morena.
Ao abri-la, contatou imediatamente o detetive
Élter Oliveira.
– Élter, acabamos de receber um código 121,
homicídio no estacionamento do Condomínio Aquarius. Vá até lá e investigue a
cena do crime.
De acordo com o artigo 121 do Código Penal, a
pena para homicídio é de seis a vinte anos de reclusão. Nesse caso, a pena deve
sem cumprida em regime fechado, em prisão de segurança máxima.
– Tomas, por coincidência, estou passando pela avenida
do Aquarius. Dentro de cinco minutos, estarei lá.
Élter é o detetive mais jovem que o DRC já contratou.
Tem vinte e dois anos, é moreno claro, mede 1,75 m e tem o corpo semiatlético,
pelo fato de praticar algumas atividades físicas. Durante o horário de
trabalho, usa óculos de descanso e fone do ouvido conectado, sem fio, ao
celular. Por sorte, levava a maleta de investigação reserva no banco de trás do
seu Cross Fox. Nessa maleta, estão
disponíveis os principais apetrechos de investigação criminal, tais como luvas
de borracha, pó e pincel para levantamento de impressões digitais, lanterna,
lâminas de vidro e esparadrapo.
********************
Condomínio
Aquarius – 8h52min
Quando chegou à entrada do Condomínio Aquarius,
encontrou três policiais na frente do portão de acesso ao estacionamento.
– Recebemos ordens para não deixar ninguém
entrar no Aquarius. Por favor, volte. – Falou um dos policiais.
– Sou o detetive Élter Oliveira, do
Departamento de Resolução de Crimes. Meu chefe, Tomas Carvalho, mandou eu vir
para cá. – Enquanto se identificava, mostrou o distintivo do DRC.
– Tudo bem. Pode passar.
A área estava demarcada com uma fita amarela
com listras pretas. Ao lado de um carro, havia uma mulher loira vestida em uma
camisola verde. Estava morta.
Élter pegou o celular, digitou o número de
Tomas, apertou o botão de chamar e o colocou no bolso. O telefone estava
conectado, sem fio, ao fone de ouvido comunicador. Abriu a maleta de
investigação que carregava e pegou uma câmera digital para registrar os
detalhes da cena do crime, com do celular quebrado ao lado do corpo.
– Tomas, encontrei o corpo da vítima. Está
vestida com roupa de dormir. A princípio, não há sinais de luta, apenas algumas
manchas roxas no pescoço.
– Ótimo, Élter, mandarei seu assistente com a
equipe para trazer o corpo para realizar a necrópsia. Outra coisa: já
comuniquei ao sargento que esse caso está em nossas mãos. Os policiais só
ficarão no local até o final do dia.
********************
Depois de vinte minutos, Marco Esteves, o
assistente, chegou ao Condomínio com dois paramédicos, que retiraram uma maca
da ambulância, dirigiram-se até o corpo da vítima, recolheram-no e levaram para
o DRC. Ele tem vinte e três anos de idade, é loiro de olhos azuis e está
esperando ser promovido a investigador.
Enquanto Élter tirava mais algumas fotos, Marco
colocou as luvas de látex e colocou o celular dentro de um saco de evidência de
retirou de sua maleta.
– Carvalho mandou você voltar para o
escritório. Os policiais cuidaram para que ninguém se aproxime da nossa cena do
crime. – Passou o recado, Marco Esteves.
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Departamento
de Resolução de Crimes – 9h40min
Marco sentou-se à sua mesa e retirou o celular
do saco, abriu o pote do pó de impressões e pincelou o pó por todo o aparelho,
no intuito de encontrar as digitais do assassino. Em seguida, pegou o
esparadrapo, que é uma espécie de ficha com uma página adesiva, puxou a parte
adesiva, colocou na tela do aparelho e fez o mesmo com a parte de trás o
telefone.
Depois, fechou a página adesiva e preencheu o
verso e colocou ficha no escâner de digitais. Quando a impressão apareceu na tela,
Marco acessou o Sistema de Identificação de Impressões Digitais, pesquisou o
nome da vítima nos registros da Secretaria de Segurança Pública e comparou as
digitais. Nessa base de dados, é possível acessar os registros do órgão que
emitiu o documento de identidade, no caso da vítima, a SSP de Novo Horizonte.
– Vejam isso! As impressões digitais
encontradas no celular são de Patrícia Dornelles. Mas só tem as dela. O
aparelho não funciona. Deve ter sido danificado quando caiu.
O médico legista, Dêivide Fournier, entrou no
escritório. De família francesa, ele tem sessenta e oito anos, estatura média,
moreno claro.
– Olá! O corpo da vítima já está no
laboratório. Quando a necrópsia for concluída, trarei informações
imediatamente.
Tomas, Élter e Marco estavam no escritório
aguardando o resultado da autópsia e pensando no possível motivo do
assassinato. Pelas marcas no pescoço, já era possível afirmar que se tratava de
um homicídio doloso, quando há a intenção de matar.
Dêivide voltou à sala, após trinta minutos.
– Pessoal, a necrópsia foi concluída. A jovem
morreu asfixiada. Tinha escoriações no pescoço, provocadas por algum tipo de
corda, que deixaram hematomas, as marcas roxas que Élter descreveu para Tomas,
por telefone.
O Código Penal classifica como homicídio
qualificado, resultado de tortura ou outro meio cruel, como é o caso da
asfixia. Para esse caso, a pena é de doze a trinta anos, também, de reclusão.
– Alguém a atraiu ao estacionamento. Se o
celular funcionasse, poderíamos ver se ela tinha recebido ligações. – Falou,
Élter.
– A vítima lutou contra o assassino. Tinha
ferimentos nas mãos e encontrei pele embaixo das unhas. O DNA não está no
Sistema de Índices de DNA, mas é masculino. Ainda há outra coisa interessante:
Encontrei partículas de tinta prata embaixo das unhas dela.
O Sistema
de Índices de DNA é a base de dados em que estão registrados os criminosos,
suspeitos e demais pessoas que já tiveram passagem pela polícia.
Marcelo Henriques, técnico de laboratório e analista
de DNA e substâncias, chegou à sala. Ele é alto, magro, tem pele clara e
cabelos lisos. Está na faixa dos trinta anos de idade.
– Olá! O que conseguiram descobrir com relação
ao crime? – Perguntou Marcelo.
– Até agora, sabemos que um homem é o
assassino. – Disse Marco.
– E tem o rosto arranhado. – Completou Élter.
– Ela foi morta por asfixia. – Falou Dêivide.
– Marcelo, faça a análise dos vestígios da
tinta prata que Dêivide encontrou embaixo das unhas de Patrícia. – Solicitou
Tomas.
– Levarei esse material para o laboratório agora
mesmo. Voltarei assim que obtiver o resultado. – Marcelo pegou a lâmina com
resíduos da tinta e seguiu para o laboratório.
********************
Minutos depois, Marcelo retornou ao escritório.
– Já tenho o resultado. A tinta prata é
específica para as pinturas automotivas.
– Élter, você percebeu algum veículo ou balde
de tinta prata, no estacionamento do Condomínio? – Perguntou Tomas.
– Não me recordo bem. Mas vou voltar ao
Aquarius neste momento. Marco, venha comigo. – Falou Élter, seguindo para a garagem.
Marco estava ao telefone. Desligou a chamada e
transmitiu a informação.
– Pessoal, o porteiro ligou para dizer que um
morador do prédio viu alguém sair do estacionamento usando um colete laranja.
– Mais uma pista. Agora, vão! – Ordenou, Tomas.
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Condomínio Aquarius –
13h06min
No estacionamento, avistaram uma Hilux prata com alguns arranhões.
– Ali está um carro prata. – Apontou Marco.
– Vamos ver se encontramos alguma coisa
suspeita. – Falou Élter.
Na parte de trás da Hilux, havia um saco de lixo, um pneu estepe, um boné e um tonel de
armazenar água. Ao olhar bem, Marco viu uma corda elástica.
– Dêivide disse que a asfixia foi provocada por
algum tipo de corda. Vamos levar esse esticador para Marcelo analisar. –
Enquanto falava, Élter tirou um saco plástico do bolso e o envolveu no
esticador.
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Departamento de
Resolução de Crimes – 13h40min
De volta ao escritório do DRC, entregaram o
esticador para Marcelo fazer a análise.
– Ótimo, detetives! Essa corda pode ser a arma
do crime. Vamos ao laboratório forense. – Falou Tomas, entregando o pacote a
Marcelo.
Marcelo colocou o esticador em cima da mesa e
aplicou o pó de impressões, com o pincel, sobre algumas partes da corda. Em
seguida, pegou o esparadrapo e o pressionou em cima das digitais reveladas pelo
pó. Depois de coletas as impressões, colocou a ficha no escâner de digitais e,
em alguns minutos, o computador mostrou os resultados.
– A impressão digital encontrada é parcial e
não há como comparar com as do Sistema de Identificação de Impressões Digitais.
Após ver o resultado nas digitais, Marcelo pegou
uma haste de coleta de substâncias e esfregou em algumas partes do esticador e
seguiu para fazer teste no Sistema de índices de DNA.
– Pronto, encontrei DNA epitelial de Patrícia e
do mesmo homem desconhecido na corda elástica. Sem dúvidas, essa é a arma do
crime! – Disse, levantando-se da cadeira do computador.
Enquanto seguia para a o detector, Élter percebeu
o escâner registrar mais alguma coisa. Sentou-se ao computador.
– Ainda tem mais! O escâner detectou amônia e
água oxigenada no esticador. Esses dois produtos são usados para a tintura de
cabelo. – Informou Élter.
– Agora, ficou um pouco mais fácil. O assassino
pintou o cabelo para ficar loiro. – Afirmou Marcelo.
– Mais uma pista: o assassino é loiro. –
Confirmou Marco.
Tomas saiu do laboratório para contatar os
policiais com o intuito de conseguir mais informações.
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O investigador, o assistente e o técnico do
laboratório estavam no escritório pensando algo para encontrar o culpado,
quando Tomas chegou à sala com mais informações.
– Entrei em contato com o síndico,
investigadores Élter e Marco. Ele os receberá e os levará até a sala de
segurança. Lá, vocês acessarão as câmeras do prédio. Qualquer novidade,
informem-me imediatamente.
Os dois desceram até a garagem e, mais uma vez,
voltaram ao Aquarius.
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Condomínio Aquarius –
15h55min
O síndico já os esperava na portaria. Saíram do
carro e se identificaram mostrando os distintivos do DRC.
– Sou o investigador Élter Oliveira.
– Sou Marco Esteves, investigador assistente do
DRC.
– Já falei com Tomas Carvalho. Lamento pelo que
aconteceu aqui no Aquarius. Acompanhem-me até a sala de segurança.
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Ao chegarem à sala, que fica no subsolo do
Condomínio, Élter se sentou a um computador e Marco a outro. O síndico deixou a
sala e disse que estava à disposição do DRC.
– Vejamos, Patrícia é moradora do apartamento
267, 5.º andar, bloco 4. – Disse Marco.
Élter acessou os vídeos das câmeras do corredor
do apartamento de Patrícia e dos locais por onde ela passou, mas não viu nada
que ajudasse na investigação. Então, acessou a câmera do estacionamento, encontrou
algo nas gravações e congelou as imagens.
– Temos um problema: a câmera do estacionamento
registrou duas pessoas de colete laranja próximas à Hilux em que estava a arma do crime. Mas a imagem está muito ruim e
não dá para ver rosto.
O síndico entrou para sala e viu a tela do
computador com as imagens da câmera de segurança congeladas.
– Posso ajudar em alguma coisa?
– Pode sim. Qual funcionário estava trabalhando
ontem usando um colete laranja?
– Deixe-me ver... Abra a imagem da câmera 4, do
jardim, e volte a fita para as 15 horas da tarde de ontem.
Nesse horário, a câmera registrou um homem
aparando a grama do jardim com o cortador de grama e um outro que estava
passando. O primeiro é de estatura média e pele morena. O segundo é magro, alto
e de cabelos loiros.
– Esses dois são Carlos Franco, o jardineiro, e
Fernando Tavares, o motorista reserva do prédio. Ou melhor, ex-motorista. Foi
demitido ontem.
– Qual foi o motivo da demissão?
– Ele estava subtraindo pertences dos moradores
e Patrícia organizou um abaixo-assinado para que ele fosse demitido, sem que o
caso fosse parar na delegacia.
– Bem... A demissão deu certo. Mas não
aconteceu o mesmo com a parte da delegacia.
Élter ligou para Tomas e pediu para ele acessar
as fichas desses dois funcionários do condomínio.
– Estou na escuta. Sabemos que o assassino
usava colete laranja, tem o rosto arranhado e cabelo loiro. Vou ver se algum
deles tem passagem pela polícia.
Alguns minutos depois, Tomas retornou a ligação
para Élter para dizer que ambos não possuem antecedentes criminais.
– O único loiro que vemos aqui é Fernando. Ele
pode ser o assassino! Vamos voltar ao DRC e comparar as digitais, Élter. – Disse
Marco, levantando-se.
O síndico indicou a localização da casa de
Fernando, pois a ficha de cadastro de funcionários estava com o endereço
anterior. Mas não sabia o que o teria levado a cometer um crime.
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Departamento de
Resolução de Crimes – 17h03min
De volta
ao Departamento, Marcelo comparou as impressões digitais de Fernando,
encontradas no Sistema de dados, com as coletadas do esticador. A digital
parcial da arma do crime combinou com a do suspeito.
Depois do resultado positivo, Élter, Marco e
Tomas seguiram para o endereço de Fernando, levando dois policiais.
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Casa de Fernando –
18h20min
– Fernando Tavares, você está preso pelo
assassinato de Patrícia Dornelles. – Falou Tomas.
– Encontramos a arma do crime, um esticador, na
Hilux do Aquarius, onde você foi
filmado. Tinha suas digitais nela. E essas assaduras de corda em suas mãos
tornam o caso mais claro. – Afirmou Élter.
– Fui informado de que você foi demitido por
causa de Patrícia. Ela o denunciou por roubo. Você deve ter ficado louco de
raiva. Raiva bastante para matar? – Questionou Tomas.
– Depois que a linguaruda me entregou, perdi
meu emprego. Ela teve o que mereceu. Quem muito abaixa, mostra a bunda. – Falou
Fernando, com aparência fria.
– E quem comete crime... vai para a prisão! –
Completou Tomas.
Acesse aqui o PDF no Recanto das Letras.
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