terça-feira, 1 de outubro de 2019

Itapicuru, cidade de passagem - Ana Victória Santos


Segue abaixo o Artigo de Opinião inscrito selecionado para participar da Olimpíada de Língua Portuguesa na etapa municipal pelo Colégio Estadual ACM de Itapicuru/BA da aluna Ana Victória Santos, do 3º ano AM.
As oficinas foram realizadas em sala pelo professor Evaí Oliveira (o autor deste blogue).

ITAPICURU, CIDADE DE PASSAGEM


Na minha cidade, hoje em dia, se os jovens fossem perguntados sobre qual o seu objetivo a resposta imediata e exclamativa é: - ir embora daqui. Ir em busca de emprego ou até mesmo um nível superior de qualidade.
O município é externamente agrícola e como consequência muito pobre, falta de tudo menos água, uma riqueza, temos em abundância, no entanto, mal administrada. Não existe fábrica ou semelhantes para a utilização do meio como renda. Oportunidades de emprego são apenas duas: comércio e prefeitura, ambas com salários inferiores e jornadas pesadas. O nível de escolaridade é baixo, quem pode estuda em cidades vizinhas e quem não pode lida com a dura realidade da falta de investimentos do governo.
Contudo, por ser uma cidade pequena, é muito acolhedora, a população cresceu junto e todos se conhecem, existe fraternidade entre os moradores. Nas vendinhas da esquina, existe a confiança em “dar depois”. Também existe lazer, a grande reserva de água fez nascer um balneário.
Portanto, Itapicuru é uma dentre milhões de “cidades de passagens” onde já se nasce tendo como destino deixar sua terra natal, ficando aqui somente os idosos e com isso um pouco de desconhecimento dos direitos e assim a falta de investimentos.

Histórias de Mocambo - O CARNEIRO DOS OLHOS DE OURO (Evaí Oliveira)


O CARNEIRO DOS OLHOS DE OURO (Evaí Oliveira)

Em uma noite de lua cheia, os amigos João e José resolverem capturar o carneiro dos olhos de ouro. De acordo com a lenda, o carneiro vive em uma gruta na mata, nas proximidades de Mocambo. Ele costuma sair nas noites de lua cheia para passear na floresta. Dona Tânia e companhia dizem que já o viram na praça da cidade no meio da noite.
O tal carneiro é reluzente e muito rápido, por isso ninguém consegue capturá-lo. Ele também tem uma estrela de ouro na testa, podendo deixar rico quem conseguir capturá-lo.
Os dois deixaram a cidade e seguiram de moto pela estrada de terra em direção às proximidades da gruta. Eles demoraram um pouco para chegar porque passaram a máquina para arrumar a estrada, o que na verdade a deixou pior do que estava, mas enfim chegaram, deixaram a moto na beira da estrada e entraram no mato em direção à gruta.
Poucos minutos depois, avistaram uma luz forte à frente, continuaram a caminhada.
− Olha ali, João, o carneiro dos olhos de ouro! Vamos ficar ricos!
− Para isso, temos que capturá-lo primeiro.
− Vamos aproveitar que ele está dormindo...
Ao se aproximarem, pisaram em galhos e folhas secas, fazendo com que o animal acordasse com o barulho. O carneiro despertou e olhou fixamente para os intrusos, sendo possível ver seus olhos de ouro e a estrela na testa. Antes que os homens se movessem, o ser disparou para o lado oposto, mas ficaram rastros brilhantes no chão.
− Nós não vamos desistir de pegar essa mina de ouro com patas...
− Veja os rastros! Vamos segui-los.
E lá se foram os dois farejando o caminho por onde o carneiro passou. Andaram, andaram e nada de encontrá-lo. Um berro ecoou atrás deles, ao olharem, viram o animal vindo em sua direção, pronto para dar marradas, avançou contra eles, deu cabeçada, pisoteou em uma velocidade anormal.
Tantas chifradas os dois levaram que nunca mais entraram na floresta atrás do Carneiro dos Olhos de Ouro.