domingo, 15 de abril de 2018

Mistério da Meia-Noite (Parte final)

MISTÉRIO DA MEIA-NOITE

Por Evaí Oliveira
evayoliveira@hotmail.com

PARTE FINAL


Júli desceu e acendeu as luzes dos fundos.
– Meninos, vocês são terríveis! Até tu, Natálias?...
– Saiam de cima de mim, pestes!
– Olhem só, meninas, não sabia que seres folclóricos sabiam falar.
– Bem, assim amarrado e com as luzes acesas, você não parece tão assustador!
– Aposto que roubou essa fantasia de algum teatro.
Curiosos para saber que estava dentro da roupa, as meninas se levantaram segurando-o, Érique puxou as orelhas e a cabeça da fantasia saiu facilmente. Júli ficou pasmada quando viu o rosto da criatura.
– Você? Não tem vergonha?
– Eu já suspeitava dele, mãe. Só não tinha como provar.
– Júli, eu e Carla vimos a porta arranhada no depósito. E as marcas foram evidentemente feitas por um ancinho que também estava no depósito.
– Daí, ficou claro que foram feitas por alguém que tinha acesso à casa.
– E essa pessoa só poderia ser o empregado do sítio.
– Ele fez tudo isso, simplesmente, para que ninguém comprasse o sítio. Assim, a propriedade ficaria só para ele.
– Mas você, tia Júli, resolveu comprar a propriedade. Com isso, ele continuou com os falsos ataques de lobisomem para que vocês fossem embora.
– O ataque ao galinheiro na noite passada foi proposital, assim como os relatos de aparecimentos de lobisomem. Ele nos disse que também tinha visto, pensando que nós a convenceríamos a se mudar daqui, para ele ficar com tudo.
­– Depois que ele me viu com a corda e Carla com a lanterna, pensou que nós sairíamos para procurar o falso monstro no mato. Daí, ficou observando a casa para nos ver saindo e ir logo atrás.
– Mas Alana deixou a lanterna cair pela janela e nós duas tivemos que descer sem avisar. Ele nos viu saindo pela frente e ficou nos esperando voltar.
– Exatamente, Natália. Ele não queria nos atacar. Só queria que nós corrêssemos para dentro de casa. Mas Érique e Carla apareceram e ele ficou sem saber o que fazer.
– A propósito, e aquela vassoura com o cabo quebrado? E essa corda?
– Júli, eu quebrei o cabo da vassoura na cabeça dele. Será que ficou a marca?
– E eu peguei a corda no depósito.
– Mãe, eu e Alana contribuímos com duas mangas. Acho que ele está com uma leve dor de cabeça.
– Podem desamarrá-lo, meninos. Amanhã, ou melhor, quando amanhecer, precisamos ter uma conversa séria, caríssimo funcionário!

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Depois de desmascararem o empregado do sítio, a turma aproveitou as últimas horas da madrugada para dormir um pouco. No começo da tarde, voltaram para Nova Corinto satisfeitos por terem desvendado aquele mistério.


domingo, 8 de abril de 2018

Mistério da Meia-Noite (Parte 6)

MISTÉRIO DA MEIA-NOITE

Por Evaí Oliveira
evayoliveira@hotmail.com

PARTE 6


Faltavam poucos muitos para a meia-noite. De repente, um uivo ecoou na direção do riacho. Érique e Carla trocaram olhares de atenção e cada um se aproximou de uma janela, com vista para os fundos da casa.
No quarto ao lado, Alana estava apoiada no batente da janela, com vista para a lateral da casa, com uma mão vazio e a lanterna na outra. Ao ouvir o uivo, assustou-se e deixou a lanterna escapar das mãos. Por ser muito leve, a lanterna não fez barulho ao cair em cima da grama. Com as cabeças do lado de fora da janela, para ver onde a lanterna tinha caído, começam a sussurrar e terminaram a conversa com os corpos completamente dentro do quarto.
– Muito bem, Maria Assustada!
– Acho que vamos ter que esperar sem lanterna...
– Acha nada. Você derrubou e você vai buscar.
– Sozinha? Com seja lá o que for aí fora? Nem se eu estivesse louca!
– Tudo bem! Eu vou com você. Vamos descer sem que Carla e Érique nos vejam.
Abriram a porta com todo o cuidado possível e desceram as escadas nas pontas dos pés, literalmente. Considerando que a outra dupla estava monitorando a parte de trás da casa, as duas saíram pela porta da frente e seguiram pela lateral até o ponto em que a lanterna caiu.
Ao chegarem perto da lanterna, Alana se abaixou para pegá-la e Natália, que estava logo atrás, disse que tinha ouvido alguma coisa. Aquele lado da casa estava escuro porque a lua se posicionava do outro lado da casa, de modo que só iluminava uma parte dos fundos e a outra lateral da casa. Alana, com a lanterna na mão, só ouviu os galhos das árvores batendo na parede. Voltaram pelo mesmo lugar, seguindo a parede, com a lanterna desligada. A parte da frente da casa também estava escura, pois a lua não estava muito alta e as árvores impediam a passagem da luz.
Como passava da meia-noite, já era madrugada de domingo.
Quando se dirigiam à porta da frente, Natália notou apenas dois olhos brilhantes, aparentemente, em cima dos galhos baixos da goiabeira. Percebendo que a amiga não viu, parou para atrair a sua atenção falando em baixo tom.
– Ei, Alana! Veja aqueles olhos ali!
– Onde? Sim! Deve ser um gato procurando alguma coisa para comer.
– Sei que os olhos dos gatos brilham... Mas não temos gatos.
Alana ligou a lanterna e apontou para a goiabeira. As duas ficaram sem voz por alguns segundos, enquanto a lanterna iluminava não um gato, mas sim o vulto de um ser grande e peludo, o mesmo que viram na noite anterior e que estava a poucos metros delas.
Logo após um uivo, com gritos de medo, as duas correram para os fundos da casa.
– Cooorre!
– Espere por mim! Ahhh!
Segundo depois, chegaram à porta dos fundos, da cozinha, tentaram abri-la, mas estava trancada. Então, correram para o galinheiro e se esconderam na parte de trás. O monstro também seguiu pela lateral da casa, a fim de alcançá-las.
No quarto, Érique e Carla ouviram o uivo seguido dos gritos. E, em seguida, a correria das meninas pela lateral da casa indo em direção ao galinheiro.
– O que está acontecendo? O que elas estão fazendo lá fora?
– E não estão sozinhas. Veja! O lobisomem está atrás delas.
– Vamos descer lá! Pegue a corda!
Desceram a escada nas pontas dos dedos e seguiram para a cozinha, Érique na frente com a lanterna ligada, para não acender as luzes e Carla, que estava seguindo a luz da lanterna, pegou a vassoura que estava pendurada na parede atrás da porta, para garantir. Saíram cuidadosamente com a lanterna apagada.

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O suposto lobisomem viu as meninas correndo para detrás do galinheiro e estava indo atrás delas. Naquele momento, o fundo da casa estava iluminado, pois a lua ainda estava no céu, presenciando a cena. Érique e Carla o alcançaram na frente do galinheiro e a última chamou a sua atenção.
– Ei, bicho feio! Por que não se mete com alguém do seu tamanho?
Ele se voltou e foi em direção aos dois e, quando chegou perto, Carla deu uma vassourada em sua cabeça. Em seguida, ele levantou o braço, bruscamente, e a vassoura caiu longe. Com o impulso, Carla deu alguns passos para trás, desequilibrou-se e caiu. Ouvindo a voz dos amigos, Natália e Alana apareceram e cada uma jogou uma manga no monstro. Ele fez um barulho, virou-se para elas e avançou.
Érique segurou uma ponta da corda e jogou a outra para Carla, que estava se levantando. Como o ser estava indo em direção às meninas, não percebeu que esses dois preparavam uma armadilha. Segurando as duas pontas da corda, os dois correram na direção do monstro, jogaram a corda por cima dele, como na brincadeira de pular corda, e antes que tocasse o chão, os dois pararam e puxaram a corda para trás. O pé se prendeu na corda e ele caiu para frente.
Antes de se levantar, Alana e Natália correram e pularam em cima de dele. Enquanto isso, Carla e Érique deram duas voltas com a corda em seus pés. As duas primeiras puxaram seus braços para trás e os dois últimos amarraram suas mãos com as pontas das cordas.
Com todo aquele barulho, Júli finalmente acordou, foi ao quarto de visitas e colocou a cabeça do lado de fora. Alana e Natália estavam sentadas nas costas do falso lobisomem, Carla estava sentada em suas pernas e Érique estava terminando de amarrar as pontas da corda, em pé ao lado.
– Mas que gritaria... O que é isso?
– Acordou, Bela Adormecida!
– Capturamos um lobisomem para você, tia Júli!

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domingo, 1 de abril de 2018

Mistério da Meia-Noite (Parte 5)

MISTÉRIO DA MEIA-NOITE

Por Evaí Oliveira
evayoliveira@hotmail.com

PARTE 5

A noite chegou e a lua cheia não perdeu tempo. Júli preparou a mesa e os chamou para jantar. Logo após isso, por volta das 20:30, foram para a sala de estar assistirem ao telejornal local. Em um dos intervalos comerciais, Júli falou que iria ficar de olho no galinheiro, para surpreender a raposa da noite anterior. Mesmo depois do que viu, ainda prefere acreditar que foi uma raposa. Os meninos disseram para eles não preocupar que eles mesmos ficariam atentos a qualquer movimento nos arredores da casa. Ouvindo isso, ela para eles ficarem olhando pelas janelas, acenderem as luzes e não saírem de casa.

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Já passava das 22:00. Depois que Júli subiu para dormir, como uma pedra, Érique e Carla foram ao depósito pegar a corda. Natália os acompanhou até a cozinha, abiu uma das portas da parte de cima do armário e pegou as duas lanternas que estavam carregadas, uma para ela e Alana e a outra para Carla e Érique. Esses dois, quando voltavam do depósito, viram o empregado indo em direção ao galinheiro. Quando questionaram o que estava fazendo, ele respondeu que estava indo verificar se a porta do galinheiro estava bem fechada, pois havia consertado à tarde, quando os meninos tinham ido ao riacho.
Quando o empregado viu Carla carregando a corda, perguntou o que pretendiam fazer com aquilo. Érique respondeu que era para brincar de pular corda e logo percebeu o olhar dele de dúvida. Com isso, Carla disse que, na verdade, eles elaboraram um plano para pegar o falso lobisomem, pois tinham certeza de que era um ladrão fantasiado. O empregado disse que acreditava que era um lobisomem de verdade, pediu para eles terem cuidado e perguntou qual era o plano. Érique olhou para Carla e disse que tinham que ir. No mesmo momento, Natália e Alana saíram e se aproximaram deles cada uma com uma lanterna na mão.
– Não me digam que vocês vão entrar no mato para procurar o lobisomem?
– Claro que não! Nós...
Érique interrompeu a fala de Alana e completou dizendo que não iriam entrar em detalhes e saiu quase escoltando as meninas faladeiras. Seguiram para a cozinha, pois pretendiam fazer um lanche antes de ocuparem seus postos de espiões aprendizes.

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Enquanto esperavam o momento de pegar o suposto ladrão, Natália verificou mais uma vez as baterias das lanternas e Érique dobrou a corda em algumas partes. Faltava pouco mais de 30 minutos para a meia-noite e os meninos subiram para os quartos. Como o combinado, Alana e Natália ficaram no quarto da última e Carla e Érique ficaram no quarto de visitas. A lua cheia brilhava formosa no céu e a claridade adentrava nos quartos pelas janelas entreabertas. Nem as luzes nem as lanternas estavam acesas, para não chamar a atenção e cada dupla se atinha ao menor ruído possível. Uma vez ou outra, ouviram o som emitido pelas corujas.
– Estamos prestes a desvendar os mistérios da meia-noite que voam longe...
– Que você nunca, não sabe nunca, se vão, se ficam, quem vai, quem foi...
– Impérios de um lobisomem que fosse o homem de uma menina tão desgarrada, desamparada se apaixonou...
– Naquele mesmo tempo...
– Vamos parar, Carla! Hoje não é a noite do karaokê.
– Você que começou, Zé Ramalho!
– Não tenho culpa de ter bom gosto musical.

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