O GATO E O MACACO
Evaí Oliveira
O gato e o macaco, como vivem na mesma casa, vivem
aprontando. Deixam a casa de cabeça para baixo, não fica uma gaveta arrumada,
arranham o sofá, rasgam as almofadas e a toalha da mesa, pintam o sete.
O macaco, vez ou outra, arma alguma contra o gato, como
aconteceu no caso das castanhas. Certo dia, a cozinheira ia fazer um bolo e
depois que colocou o leite na tigela, percebeu que não havia mais farinha e
saiu para comprar um pacote na venda da esquina. O macaco achou a oportunidade
perfeita para aprontar mais uma contra gato, como sempre.
—
Amigo gato, veja aquela tigela ali em cima da mesa cheia de leite. É para você!
— Eu
não queria, mas já que você insiste...
O gato subiu na mesa e começou a beber o leite
inocentemente. Quando a cozinheira chegou e viu felino debruçado na tigela,
atirou, furiosa, o pacote de farinha no animal, o coitado deu um pulo seguido
de um miado de susto e dor.
Enquanto isso, o macaco se divertia vendo a cena de cima da
geladeira, que foi improvisada como camarote.
Alguns dias se passaram, até que o gato teve a oportunidade
perfeita para aprontar uma com o macaco a fim de lhe devolver na mesma moeda. A
cozinheira saiu para fazer compras na venda da esquina e os dois ficaram
revirando tudo. Volta e meia, o gato pulava na janela para ver se ela já estava
voltando, sem deixar que o macaco percebesse.
Na mesa da cozinha, havia algumas bananas em uma bandeja e,
como o gato já tinha visto, só faltava o momento exato para colocar sua vingança
contra o macaco em prática.
—
Veja isso, amigo macaco! Essas bananas são para você. Vamos, enquanto você
come, eu fico vigiando e aviso quando a cozinheira estiver vindo.
—
Sendo assim — disse avançando sobre as bananas —,
agradeço a ajuda.
Mesmo vendo que a cozinheira estava chegando, o gato não se
manifestou e saiu de mansinho, deixando o macaco sozinho devorando as bananas.
Quando a cozinheira entrou na cozinha e viu casca de banana para todo lado,
alcançou a vassoura que estava atrás da porta e deu uma tacada no macaco que
saiu aos pinotes da cozinha. Enquanto isso, o gato tomava sua dose de diversão
ao mesmo tempo em que o macaco sentia na própria pele o que aprontava com o
pobre gato.
E como diz o velho ditado, amor com amor se paga.